quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

Aprovado projeto de lei que proíbe canalização de córregos em BH


Os vereadores da Câmara Municipal de Belo Horizonte aprovaram, em segundo turno, na manhã desta quinta-feira (18), o Projeto de Lei que proíbe a canalização de rios, córregos e ribeirões em qualquer área da cidade. Todos os 37 parlamentares que estavam no plenário votaram a favor da PL. Agora, o projeto vai para a sanção do prefeito Marcio Lacerda.


O texto, de autoria de Arnaldo Godoy (PT), foi pensado para melhoria no âmbito social e ambiental da cidade. "O projeto foi baseado em situações que estão ocorrendo em várias cidades do mundo, principalmente na Europa. A canalização não resolve o problema das chuvas, por exemplo. Pelo contrário, só prejudica com enchentes e alagamentos. Também alteram o microclima região”, explicou o político.


De acordo com o Alessandro Borsagli, graduado em Geografia, pesquisador nas áreas relacionadas ao espaço urbano e autor do livro “Rios Invisíveis da Metrópole Mineira", o problema com a canalização não é recente.


“A canalização já é um problema histórico desde a construção da capital. Os córregos foram ignorados e sempre deixados para as administrações futuras. Na década de 20, a canalização foi feita para controlar e reduzir enchentes. Porém, o que se viu foi totalmente o contrário. Com a canalização, a água não infiltra no solo e fica retida na superfície. As consequências são as inundações”, explicou Borsagli.


Para o pesquisador, caso seja sancionado, o projeto vem para beneficiar Belo Horizonte e pode mudar a opinião da população em relação aos córregos. “Todo mundo ganha. Com a proibição, os cursos d'água voltam a ser inseridos, melhora a cidade e a qualidade de vida da população. Atualmente, as pessoas têm uma imagem negativa dos córregos, já que, na maioria das vezes, eles são lembrados quando transbordam, causando prejuízos”, disse.


O ambientalista do projeto Manoelzão, Procópio de Castro, também compactua da mesma opinião. Há muitos anos o projeto espera por essa possibilidade de proibição de canalização.


“A aprovação na Câmara é altamente positiva. A revitalização dos córregos faz parte da nova mentalidade mundial. É o começo da mudança e tenho certeza que, se virar lei, vai beneficiar os ribeirões Arrudas e Onça. Aliás, as nascentes do Arrudas têm água limpa”.


Belo Horizonte tem 700 quilômetros de córrego, sendo que mais de 200 são canalizados. A canalização pode ser aberta ou fechada. Além dos problemas com inundações, outro aspecto negativo é em relação aos córregos são os esgotos. No texto de Godoy, a prefeitura também precisar realizar o tratamento do esgoto.


"O Executivo também terá que limpar as margens, fazer o tratamento do esgoto para que este não seja mais lançado nos córregos. A proibição é também uma política de prevenção de alagamentos, acabamos de ver em BH uma morte de uma senhora por conta disso, o que é inadmissível", disse o parlamentar, lembrando a morte de Maria Ester Ribeiro, de 59 anos, que morreu no início da noite da última sexta-feira (12) após ser levada por uma enxurrada e ficar presa sob um carro na rua Diorita, no bairro Prado, na região Oeste da capital.


Se a prefeitura precisa fazer a sua parte, a população também deve cooperar. Campanhas educativas podem conscientizar as pessoas. “É muito importante que as pessoas entendam que jogar lixo nos córregos é prejudicial para todo mundo. O projeto para colocar em prática precisa ser bem elaborado e possibilitar que os cursos d'água tenham vasão suficiente para correr por toda cidade”, disse Borsagli.


Godoy espera que o projeto comece a ser executado pela prefeitura ainda nesta gestão. O prefeito da capital terá 15 dias para se manifestar a respeito da proposta, podendo sancioná-la ou vetá-la.


Bom exemplo


Outros países, como Espanha e Coreia do Sul, existem bons exemplos relacionados à proibição de canalização de córregos. Seoul, capital da Coreia do Norte, um córrego virou atração turística.


O rio Cheonggyecheon, que muitos anos esteve coberto de concreto, foi despoluído e transformado em parque urbano linear. Após o projeto de restauração, a população teve acesso às margens do rio e a todo o espaço.

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

Lei Orgânica do Município de Passo Fundo - RS proíbe a canalização de riachos urbanos





Passo Fundo é um município brasileiro da região sul, localizado no interior do estado do Rio Grande do Sul. É a maior cidade do Norte do estado, sendo considerada cidade média, com população estimada em 196.739 habitantes, de acordo com estimativa do IBGE. Possui um grande número de edifícios, sendo uma das cidades mais densas do Estado. 

 Cartilha Ambiental de Passo Fundo

Passo Fundo é berço de cinco das 25 bacias hidrográficas do Estado. Nas terras do município nascem águas que abastecem e são responsáveis diretas pelo desenvolvimento de 61% dos municípios gaúchos: 302 dos 496.



LEI ORGÂNICA DO MUNICÍPIO DE PASSO FUNDO/RS.

Nós, representantes do povo passo-fundense, com poderes outorgados pela Constituição da República Federativa do Brasil e pela Constituição do Estado do Rio Grande do Sul, voltados para a construção de uma sociedade fundada nos princípio da soberania, da liberdade, da igualdade, da ética e do pleno exercício da cidadania, em que o trabalho seja a fonte de definição das relações sociais e econômicas, e a prática da democracia seja constante, de forma representativa e participativa, promulgamos, sob a proteção de Deus, esta Lei Orgânica do Município de Passo Fundo.
[...]
TÍTULO VI
DA ORDEM ECONÔMICA E SOCIAL
[...]
CAPÍTULO II
DA ORDEM SOCIAL
[...]
SEÇÃO IV
DO MEIO AMBIENTE
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Art. 187 Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Município e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações, garantindo-se a proteção dos ecossistemas e o uso racional dos recursos ambientais.
[...]
§ 9º Fica proibida a canalização de rios e riachos na área do Município.