quarta-feira, 27 de agosto de 2014

Como renaturalizar um rio ou riacho - 1ª Etapa

De hoje até sexta-feira iremos apresentar uma série de postagens sobre como realizar a renaturalização de um rio ou riacho. As informações serão fundamentadas a partir de um programa europeu proposto pela ECRR (do inglês, Centro Europeu para a Restauração de Rios).

Nessa primeira de três etapas veremos o planejamento que define atores, estuda o local e reduz os riscos. Na segunda etapa trataremos da concepção do projeto. Finalmente, na terceira etapa, abordaremos a construção do projeto.



1ª Etapa - Planejamento

Identificar todas as partes interessadas - Determinar os objetivos do projeto, que incluem as ambições e expectativas do stakeholders, geralmente leva tempo para se desenvolver. Nesse processo é importante a participação dos comitês de bacia (já que reúnem diferentes interesses da população)  assim como  a adoção de um Plano Diretor.

Ouvir todos os pontos de vista é essencial para garantir as necessidades de cada um. Uma organização privada pode querer demonstrar responsabilidade ambiental enquanto a população busca por prestação de serviços que beneficiem a comunidade local.

Definir objetivos - Incorporar objetivos diferentes que disponham uma gama de benefícios à comunidade é um desafio, mas deve ser bem elaborado pois garante um maior apoio da público. Podem ser:
  • Recreação: áreas para caminhada, ciclismo, famílias e outros grupos. Ex.: Isar River em Munique;
  • Espaço Verde: as pessoas podem se aproximar da natureza com acessibilidade e segurança. Ex.: River Marden em Calne serve para eventos locais;
  • Biodiversidade: promove a melhoria das condições ambientais através da filtração da água por plantas, do seqüestro de carbono, da disponibilidade de alimento, e de áreas para reprodução das mais variadas espécies. Ex.: Ciorbaciu Wetland Project.
  • Herança cultural e ambiental: importância cultural e ambiental através da manutenção da paisagem de épocas passadas. Encontrar mapas antigos ajuda como guia para a restauração. Ex.: River Vidá.
  • Educação: um ambiente preservado é fonte de boas ferramentas para o aprendizado. Ex.: Cheonggyecheon stream project em Seoul na educação de mais de 25 milhões de pessoas transmitindo a importância dos corredores azul e verde.
  • Manejo natural dos riscos de enchente: o manejo natural pode oferecer mais que os métodos tradicionais. Realizar uma pesquisa de viabilidade para determinar riscos específicos é importante para ajudar você a decidir qual abordagem a adotar. Ex.: River Great Ouse, com ampliação da calha.
  • Custos de manutenção: projeto de drenagem ruim, tais como emissários mal concebidos, além do alto custo podem levar à erosão localizada, um aumento no risco de inundação ou degradação do habitat. Ex.: Ritobäcken Brook na Finlândia é um bom exemplo de drenagem com abordagem sustentável de baixo custo.

Ter uma equipe experiente e multidisciplinar - Dependendo do alcance e da natureza do seu projeto, você vai precisar de reunir as habilidades, aconselhamento e apoio de uma série de especialistas. É importante trabalhar com esses especialistas, no início de um projeto para que suas plenas possibilidades possa ser alcançada.
  • Arqueólogo/ Profissional Patrimonial: ações de conhecimento do patrimônio e da cultura local para ajudar no planejamento do projeto;
  • Biólogo/Ecólogo: verifica as técnicas de restauração para beneficiar habitats e espécies locais;
  • Representante popular: um contato de confiança para fazer a interface entre o público e a tomada de decisão;
  • Construtora: garantir que o projeto seja concluído dentro do prazo e com o orçamento esperado. Também orienta as características operacionais do projeto e materiais disponíveis;
  • Geomorfologista: oferece consultoria sobre o canal do rio e planície de inundação sobre os processos de morfologia e sedimentos do rio.
  • Hidrólogo: conhecimento especializado sobre a vazão dos rios, inundações , secas e sistemas de águas subterrâneas e como estes de inter-relacionam;
  • Arquiteto paisagista: orienta sobre o projeto de design, paisagem e plantio;
  • Gerente de projeto: tem a responsabilidade global para o gerenciamento de projetos, o dia-a-dia, controlar orçamentos e se comunicar com especialistas e público;
  • Supervisor: garantir que todos atendam às suas responsabilidades de segurança e saúde dentro e fora do local.

Reduzir o risco e a incerteza - Há uma série de ações que podem ser tomadas no início do processo de planejamento do projeto que pode reduzir o risco e a incerteza. Se estes passos não forem bem definidos a incerteza devido ao conhecimento limitado pode aumentar.
  • A equipe: deve ter experiência, compromisso e ter a miscelânea correta de especialistas;
  • Empreiteiro: deve haver uma pré-visita ao local e definir que máquinas serão usadas, como e quando. Deixar claro em contrato os métodos e acordos. Bons acordos de supervisão e contrato podem impedir, por exemplo, cercas próximas com boa qualidade habitat serem removidas ou rios sinuosos sendo escavado, mas com lados trapezoidais;
  • Todos envolvidos com a fase de construção: comunicação entre as partes envolvidas é a chave para um bom relacionamento e o sucesso na operação. Fornecedores, geralmente, não sabem detalhes específicos requeridos no projeto sendo necessário uma descrição minuciosa dos materiais como tipo e tamanho da vegetação, grama ou pedra. Os fundos para financiamento devem ser seguros e a experiência dos profissionais devem ser seguras.
  • Gerente de projeto em conjunto com o grupo: assegurar que as despesas eventuais sejam inclusas, garantir os interesses dos stakeholders e obter todas as aprovações. A formação de um grupo focal local de trabalho em estreita colaboração com a equipe pode ajudar a superar as preocupações das partes interessadas e facilitar o caminho para a obtenção de aprovações. A falta de recursos financeiros imprevistos pode resultar em subseqüente má gestão ou projeto de conclusão.
  • Variáveis de campo: más condições no tempo ou no rio, vandalismo, problemas com o tipo de solo ou época de reprodução da fauna devem ser previstos para contornar as dificuldades ou mitigá-las. Ter dados históricos do local podem ajudar na previsão.

Um comentário: